sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O que importa se...

O que importa se...

Sou capaz de contar as 31 gotas penduradas em meu varal
(se a chuva torrencial sempre as faz e desfaz)

Vejo o bater de asas de um pássaro,
e este intenta proteger-se da chuva
(se o mundo é um gigantesco esconderijo aberto,
cujas chaves e trancas se encontram em meus olhos e minha mente)

O prazer da caçada supera o da razão
(se a presa se afugenta em sua casa,
aérea e não-vestigial,
não sabendo que o não saber só é notado por aqueles que sabem)

Sei perder horas comprando minutos e segundos para a vida,
e com essas acrescento ao meu saber tempo escasso
(se o saber se cria no infinito,
e este torna-se pai do finito,
ensinando-o a distância entre sua cabeça e seus pés)

Me amedronto e permaneço fixo em um ponto,
ancorado somente numa ideia de fuga e medo
(se piso no deserto gelado dos sentidos,
tornando dormente os meus pés e mãos,
deixando-me incapaz de poder correr para abraçá-la)

Dou ouvidos a insensatez,
guiado pela loucura e pelo desejo
(se a razão é nítida como a noite tempestuosa,
rápida como um rio represado
e próxima como o outro lado do mundo)

As gotas caem,
trazidas por pássaros até suas casas,
que se encontram no infinito e inóspito outro lado do mundo
(se você se vira e olhe por detrás de suas costas,
e percebe a real distância entre o infinito e o que seus olhos e mãos podem alcançar)

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