terça-feira, 23 de junho de 2015

No próprio Amanhã

Eu deitarei
Eu desistirei
Eu ponderarei

Eu caminharei
Eu lutarei
Eu me fortificarei

Eu insistirei
Eu me lembrarei
Eu acordarei

sábado, 23 de maio de 2015

[Os 4 sentidos]1- A Inevitável

Ela veio, e eu não a vi
Ela me beijou, e eu não senti
Ela me abraçou, e eu tremi
Depois de seu primeiro aperto, eu sangrei

Logo após conhecê-la, convidei-a para jantar
Sem reservas
tudo o que estivesse ao seu alcance
seu seria

Ao final, num rito que transcende meu presente
e se forja além de meu passado,
deixei para homens de fé e para os negociadores de almas
somente os restos de nossa refeição

Quantas famílias chorarão amanhã?
Não me importo,
pois delas Ela também será íntima
Elas abrirão a porta, e Ela irá se fartar

Anoitece cedo dentro de mim
Sozinho, espero logo estar acompanhado

Ela enfim chegou, para nosso último encontro
Dou adeus aos campos escarlates,
alegrando-me de não mais contribuir para sua plantação funérea

Em meu futuro vazio vejo três estrelas,
que nunca brilharão, pois uma caixa opaca e fria
se fechou em meu presente transcedental
Percebo luzes e sombras
e também Ela,
que parte para os braços de outros amantes,
esperando pelo calor de seus corpos

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Apresentações teatrais - ato 2

Seres completos de vácuo e forças opostas de mesmo módulo
 
Vida, vida, vida...
Assim como um balão, começa vazia
e à medida que os ventos se vão
o ar preenche suas lacunas

Mas, qual o sentido do balão que voa, senão voar pelos céus?
Em oposição à vida, quanto “menor” é seu interior em relação ao exterior,
mais próximo de alcançar seus desígnios se encontrará
Já a vida é necessariamente densa por dentro, mas não tal que afunde sobre os próprios pés

Observem o Malabarista de escolhas,
que à medida que o tempo se aproxima, mais e mais opções tem de empilhar,
sempre ciente de que o alinhamento errado dos potenciais pode resultar em ruína de sua torre de complexidades
Se muito vazio for, os problemas o esmagarão
Se muito denso for, lançará aos céus todos eles, nada restando para escolher

Na minha carreira como mestre do picadeiro vi muitos balões vazios, e também densos
Na sequência em que crescem, expandem-se de vazio profundo
E empurram outros balões que almejam também crescer

Mas vocês podem se perguntar: “Para os balões, você não disse que seu objetivo é alcançar os céus, por isso devendo ser vazio?“
Sim, eu disse. Mas quem sou eu para decidir o que o preenche, quais seus objetivos e qual deverá ser sua densidade?
No máximo, cuido do meu balão, esperando que o próximo a mim cresça, mas sempre dê espaço para o próximo também fazê-lo!
No mais, aplausos para o malabarista de escolhas
- Clap, clap, clap! – Fim do 2º ato.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O rio de brasas

Suas águas calcinam-me
Me recolho de dor e sofrimento
enquanto a verdade superficial é arrancada
Esse é o preço a ser pago por nadar suas águas

Porém, dor e prazer podem ser dois lados da mesma moeda
O sacrifício só existe onde o sentimento está presente

Deixo-me levar pelo rio incandescente vivo
coberto somente pela verdade em brasas
esperando que esta me deixe próximo a uma rosa âmbar
para qual arrancarei meu coração
e o depositarei em suas raízes
buscando nutrí-la com minha essência

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Nós

Nossos pés empurram o solo
e ele, por pura vingança, nos golpeia de volta
esperando possivelmente que alcemos voo e partamos

O vento a nossa frente forma um mar invisível
um clube particular e único que somente os incorpóreos participam
nos espremendo e chutando toda vez que nele tentamos ingressar

As águas marítimas são como o topo de montanhas íngrimes
pois sempre que buscamos nossa vida em seu topo
as mãos vigorosas da realidade nos puxam até o chão firme

Nossa vontade é o fogo, que a tudo transforma em pó e retorna a vastidão da terra
É o calor que permite aos ventos de oportunidade subirem e descerem no ar
Se traduz como a fluidez de um rio de lava, que mediante sua passagem a tudo tenta entender,
agregando o que há em seu caminho, libertando o todo da pressão ininteligível da exclusão

sábado, 24 de janeiro de 2015

Ordem dos fatores

Ordem,irmã mais velha do Caos

A boca humana profere as palavras,
unindo-as de comum acordo em um contexto que faça sentido.
As palavras se ordenam e trazem sentido a uma frase  ou oração.
Mas...
Quem veio primeiro ao mundo: A boca que diz ou a palavra que indica?


Desordem,irmã mais velha da Ordem

As lembranças de uma vida esquecida são pedaços de um panorama absoluto,
que são colocados em uma bela exposição da vida.
Logo,onde há mais sentido: numa fração de verdade abstrata ou num devaneio que é um todo?


Caos,irmão mais velho da Desordem

O dia de amanhã pode vir ou não,
mas sei que ele é pelo menos uma possibilidade.
Tudo caminha para o mais complexo dos desarranjos,
colocando toda palavra,lembrança ou dia na ordem que bem entender.
Mesmo que as bocas percam a fala,que a exposição da verdade seja arruinada,
ou que a impossibilidade da noite de ontem aconteça.

A vida se ordena como ela bem entender,por isso,esqueça se o acontecimento era pra ser hoje,
ontem ou amanhã.
Ignore e no fim tudo acabará começando novamente,na posição que bem quiser.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Translucidez

(A Compaixão) -Oi, tudo bem?
Posso ter duas palavrinhas com você?

Pode parecer estranho, mas...

Lembra-se do barulho fraco, porém irritante, que te incomodou durante o começo do verão?
-Era minha tristeza!

Recorda-se do lampejo de um corpo a cair, logo após o início do outono?
-Eram meus sonhos!

Rememora-se das árvores congeladas, temendo a intensidade do inverno?
-Eram "meus" futuros!


-Obrigado por me ceder parte do seu tempo precioso!

(O Homem) -A primavera acabou de ir embora, e consigo foi o início do florescimento da vida. É uma pena, mas sou indiferente a tudo isso, já que foi-se embora o tempo de sequer notá-la!

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