domingo, 23 de abril de 2017

Elementos de estilo - O vestido do céu

Os olhos da Terra fitam o Céu,
e esse tem reações das mais diversas

Quando desnudo por sua limpidez,
durante a festa de Selene ou de Hélio,
mostra-se desinibido e constante,
com a mente leve e transparente
os sorrisos de Hélio e Selene encontram nele sua janela para percepção alheia

Quando coberto pelo vestido de Nimbus,
Hélio e Selene são ofuscados,
e sua própria mente encontra-se fechada

Os vestidos cinza de Nimbus são de uma temática que leva a lágrimas,
seja pelo fato de esconder o corpo do Céu,
quando o mesmo busca a liberdade de tato do olhar - Pranto triste -,
seja pelo fato de se emocionar com seu belo vestido,
confeccionado pelos seus demais irmãos e irmãs - Pranto alegre -

Esses são somente dois dos olhares da Terra para com o Céu,
pois possuindo múltiplos pontos/terrenos,
seres e por conseguinte perspectivas,
uma miríade de olhares podem ser lançados

quinta-feira, 23 de março de 2017

Dificuldades

Encontrei-me num estado na qual poderia reduzir, de maneira breve, como uma
preposição comumente usada em locuções adjetivas,
todavia de maneira fonética francesa, juntamente com a força determinada por
Pascal que possui como unidade um homônimo ao seu criador.
Lastimando sobre divagações diacrônicas acerca do meu eu ontológico,
pressupondo intuitivamente uma resolução silógica deprimente, levando-me
a diversos momentos posteriores "cliffhangers", com inclinações normalmente
funéreas.

Tais estados, presumo, advém de tentativas de respostas aos "entraves"
encontrados no cotidiano, quer sejam fatores familiares, quer sejam de
epifenômenos a estes.

Como numa rua sem saída, esgueirando num beco escuro, atrás de uma lixeira
numa noite chuvosa, perdia-me em devaneios mediante buscas pelo oculto,
misturando fatos ilustrados em histórias consideradas pueris, juntamente a
extrapolações mentais acerca disto.

Depois de éons figurativos, minha mente, que se encontrava completamente
remendada, tentando buscar razão a balburdia que é a mera existência,
depara-se com um amigo que sempre me acompanhou: O Conhecimento.

Ele sempre esteve ao meu lado, porém, de todos as maneiras tentei renegá-lo.
Talvez numa tentativa de "seguir" norma comum, ficar entre a média, dei as
costas a tal companheira. Digo no feminino, porque sua irmã, a razão, é
intrínseca a ele.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Esconderijos

Quando não tem vontade de se expor
um Sentido busca um Refúgio,
um lugar seguro,
um esconderijo

A Audição,
quando foge do Som,
se refugia no Silêncio

A Visão,
quando foge da Luz,
se refugia na Escuridão

O Olfato,
quando foge das Fragrâncias,
se refugia no Inodoro

O Paladar,
quando foge dos Sabores,
se refugia no Insípido

O Tato,
quando foge do Contato,
se refugia na Insensibilidade

E os Esconderijos,
quando fogem da Fuga,
se refugiam nos Sentidos

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Intermitência

Momentos de espera

Intervalo entre estados

Descanso até a próxima ação

Hora de anúncios

Exibição do restante do quadro

Ida a sala ao lado

Restrição de conjunto

Variação em delta

Espaço entre dois pontos

Página em branco

Distinção entre parágrafos

Intercalação entre início e fim

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O que importa se...

O que importa se...

Sou capaz de contar as 31 gotas penduradas em meu varal
(se a chuva torrencial sempre as faz e desfaz)

Vejo o bater de asas de um pássaro,
e este intenta proteger-se da chuva
(se o mundo é um gigantesco esconderijo aberto,
cujas chaves e trancas se encontram em meus olhos e minha mente)

O prazer da caçada supera o da razão
(se a presa se afugenta em sua casa,
aérea e não-vestigial,
não sabendo que o não saber só é notado por aqueles que sabem)

Sei perder horas comprando minutos e segundos para a vida,
e com essas acrescento ao meu saber tempo escasso
(se o saber se cria no infinito,
e este torna-se pai do finito,
ensinando-o a distância entre sua cabeça e seus pés)

Me amedronto e permaneço fixo em um ponto,
ancorado somente numa ideia de fuga e medo
(se piso no deserto gelado dos sentidos,
tornando dormente os meus pés e mãos,
deixando-me incapaz de poder correr para abraçá-la)

Dou ouvidos a insensatez,
guiado pela loucura e pelo desejo
(se a razão é nítida como a noite tempestuosa,
rápida como um rio represado
e próxima como o outro lado do mundo)

As gotas caem,
trazidas por pássaros até suas casas,
que se encontram no infinito e inóspito outro lado do mundo
(se você se vira e olhe por detrás de suas costas,
e percebe a real distância entre o infinito e o que seus olhos e mãos podem alcançar)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Oceano

Afogando-me num oceano de pensamentos
Pergunto a profundidade do mar
Que é capaz de me arrebatar
E me levar até o longínquo continente

Terra essa que é o oposto da alegria
Do prazer e da esperança
Que afugenta até o fim

Por isso sinto que começo e meio enlouqueceram
Num círculo vicioso de ápices e retornos
Levando-os para dentro do oceano fundo e denso

domingo, 23 de outubro de 2016

Terror em vida

Sentado,
espero o véu da obscuridade,
acompanhado da última fração de fôlego

Quão bom deve ser ter seu templo enterrado pelas areias  do deserto?

Ela não é conforto,
não é tormento,
nem alívio

Espero que o fio do seu agente,
que para o mundo é silencioso,
venha e ceda a tentação de sua paixão recém engendrada com a pele

Quão merecedores são seus olhos de serem sobremesa para os corvos?

A melancolia é a vida em vida,
pois é o começo do começo de lamentos intermináveis

Nesse aspecto a vida eterna é a morte em morte,
pois é o fim de todos os fins

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