quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Esconderijos

Quando não tem vontade de se expor
um Sentido busca um Refúgio,
um lugar seguro,
um esconderijo

A Audição,
quando foge do Som,
se refugia no Silêncio

A Visão,
quando foge da Luz,
se refugia na Escuridão

O Olfato,
quando foge das Fragrâncias,
se refugia no Inodoro

O Paladar,
quando foge dos Sabores,
se refugia no Insípido

O Tato,
quando foge do Contato,
se refugia na Insensibilidade

E os Esconderijos,
quando fogem da Fuga,
se refugiam nos Sentidos

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Intermitência

Momentos de espera

Intervalo entre estados

Descanso até a próxima ação

Hora de anúncios

Exibição do restante do quadro

Ida a sala ao lado

Restrição de conjunto

Variação em delta

Espaço entre dois pontos

Página em branco

Distinção entre parágrafos

Intercalação entre início e fim

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O que importa se...

O que importa se...

Sou capaz de contar as 31 gotas penduradas em meu varal
(se a chuva torrencial sempre as faz e desfaz)

Vejo o bater de asas de um pássaro,
e este intenta proteger-se da chuva
(se o mundo é um gigantesco esconderijo aberto,
cujas chaves e trancas se encontram em meus olhos e minha mente)

O prazer da caçada supera o da razão
(se a presa se afugenta em sua casa,
aérea e não-vestigial,
não sabendo que o não saber só é notado por aqueles que sabem)

Sei perder horas comprando minutos e segundos para a vida,
e com essas acrescento ao meu saber tempo escasso
(se o saber se cria no infinito,
e este torna-se pai do finito,
ensinando-o a distância entre sua cabeça e seus pés)

Me amedronto e permaneço fixo em um ponto,
ancorado somente numa ideia de fuga e medo
(se piso no deserto gelado dos sentidos,
tornando dormente os meus pés e mãos,
deixando-me incapaz de poder correr para abraçá-la)

Dou ouvidos a insensatez,
guiado pela loucura e pelo desejo
(se a razão é nítida como a noite tempestuosa,
rápida como um rio represado
e próxima como o outro lado do mundo)

As gotas caem,
trazidas por pássaros até suas casas,
que se encontram no infinito e inóspito outro lado do mundo
(se você se vira e olhe por detrás de suas costas,
e percebe a real distância entre o infinito e o que seus olhos e mãos podem alcançar)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Oceano

Afogando-me num oceano de pensamentos
Pergunto a profundidade do mar
Que é capaz de me arrebatar
E me levar até o longínquo continente

Terra essa que é o oposto da alegria
Do prazer e da esperança
Que afugenta até o fim

Por isso sinto que começo e meio enlouqueceram
Num círculo vicioso de ápices e retornos
Levando-os para dentro do oceano fundo e denso

domingo, 23 de outubro de 2016

Terror em vida

Sentado,
espero o véu da obscuridade,
acompanhado da última fração de fôlego

Quão bom deve ser ter seu templo enterrado pelas areias  do deserto?

Ela não é conforto,
não é tormento,
nem alívio

Espero que o fio do seu agente,
que para o mundo é silencioso,
venha e ceda a tentação de sua paixão recém engendrada com a pele

Quão merecedores são seus olhos de serem sobremesa para os corvos?

A melancolia é a vida em vida,
pois é o começo do começo de lamentos intermináveis

Nesse aspecto a vida eterna é a morte em morte,
pois é o fim de todos os fins

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Nada, espera e Tudo

Pensar no nada é um grande paradoxo,
visto que ao realizá-lo preenche-se com conteúdo afim,
capaz de negá-lo e,
posteriormente,
subtraí-lo

O conteúdo é a visão do observador,
seja em âmbito literal,
seja em experimentação(ilustração) mental


A espera antes do pensamento é necessária...


O cair da chuva: Ao ouvir os gritos de liberdade mudos e cíclicos da natureza,
veio a mim de sobressalto um impulso incontrolável pela observação e posterior contemplação
A chuva ao precipitar-se transfere o vazio,
que na verdade é preenchido
Parte do reino de Poseidon eleva-se em resposta a Apolo,
alcançando assim o domínio de Zeus
Quando em demasia no firmamento,
ocorre sua eventual queda,
sendo que algumas vezes a ira de Zeus se eleva,
de tal maneira que a confluência da fração de Netuno é temida

Fechando o ciclo dos três,
a partir do reino de Poseidon pode-se chegar ao de Hades,
sendo acreditado que este encontra-se na mesma direção do reino de Poseidon toma ao chegar a Gaia


A espera é necessário antes do próximo pensamento...


A Morte nem sempre é alardiosa,
ou melhor ainda, quando está o é?
O relato é simples: são milhares e incontáveis,
porém são somente um
O uníssono é o todo que quando tratado como o nada a tudo leva
Tente pensar no Todo
O Nada a sua mente vem pela noção da sua indeterminação
O contrário é semelhante
Ou seja: O Todo é buscado pelo Nada,
e este último é preenchido pelo Todo
Quem preenche quem: O silêncio ou o vazio?







A espera antes do encerramento é necessária...

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Verdades naturais

O que é a verdade para a natureza?
Seria um conjunto de normas e regras,
padrões absoluta e arbitrariamente escolhidos?
Não é isso que a mesma demonstra
Sua verdade é o seu ser como estar
Seu fazer e continuar
Seu antes e seu depois, seu agora e seu amanhã

Desde a chuva que cai por simplesmente cair,
complexo é seu movimento, simples são suas palavras,
embora ouvidos surdos disponham-se a ouvi-las

A razão para o acontecer da Mãe Terra, nosso mundo,
é a simplória razão, que dentro da razão torna-se obsessão,
e fora desta simplória divisão, observa-se momento a momento a paixão

Você a toca carinhosamente,
ela retribui
Você a ofende,
ela o agride

Já se perguntou o porque dela machucá-lo,
mesmo quando você pensa que nada fez?
Seria o ciúme, talvez?

Ela se doa por inteiro para você,
e em troca recebe em seu olhar seus flertes com outras paixões,
e por serem vis a esta,
uma ferida é aberta
Suas lágrimas são seu céu chuvoso,
sua fúria é o mar de brasas secas do deserto,
seu fôlego é o vento,
seu destemperos são os tornados
sua alegria é o verdejante florescimento
seu amargor é a esterilidade e a erosão

No fim todos a abraçam,
e Ela,
sem nenhuma hesitação,
retribui calorosamente

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