Aliterações - Descendência semântica

Fundamental,
funde a mente e tal,
tão perverso,
verso profundo,
avesso ao mundo,

Mudo,
ardor
a dor,
adorna,
navega a mente,
tentando chamar atenção,
pronto pra ação

São,
sereno,
sigo,
sob subterfúgio,
variando de refugio

Preto é a cor,
rebeldia,
periferia,
inconstância,
dotado de vida,
sonhos e substância,
que vão muito além das nocivas,
que raramente mancham a roupa alva,
mas a escura alveja

Veja bem os opostos,
Todos a seus postos,
que minhas palavras e meu corpo me guiem e protejam das alheias,
que se encontram na luz,
já que as trevas se estigmatizaram como o mal,
uma vez que o mau foi escolhido e taxado

Bem elaborado,
receba as minhas palavras,
que penetram como balas,
aleijam a boca maldita,
a mente perversa debilita,
na alma avessa implica,
e na luta contra a opressão e preconceito dota,
e no ideal dignifica

IIha léxica regular

Ainda aguardo ansioso ao anfitrião
guia gestual,
garantido guardião
um último universo univalente
alguém aparentemente afoito ao acaso

Terei tido transtornos terríveis?
espero estar enganado
rápido retiro retributivo
restam rostos raquíticos raivosos, 
antipáticos,
alterados

Avante,
apressado andarilho
golpeando galáxias
ultrajando usurpadores únicos
ajudando antecipadamente angustiados aflitos

A paixão do Método

Sempre objetivando,
sempre constituído,
sempre a procura de contexto

Esse é o jovem,
velho e recém-nascido Método

Por vielas jazi,
idas e voltas ele dá,
em busca de contexto para se aplicar

Eis que conhece Blenda pela segunda vez,
na prática

Comumente acompanhada por sua gangue,
ela se destaca

Concentrado em separá-la da escória que a permeia
- impedindo-a de alçar voos livres -,
ele segue determinado,
tendo em mente que o meio que penetra é bruto

Isso funde sua mente,
mas mais soma do que diminui

Após certo tempo,
ela se percebe só,
associada a ela própria,
em sua mente,
se encontra espaço vazio,
que se modela em oficina negativa

O Método,
agora seu amigo,
a aconselha a fazer sua mente trabalhar,
e também a respirar fundo,
e em demasia,
ares respiráveis 

Ela segue os conselhos e muda,
mas tendo consciência disso

Com a mente "respirável",
plena e capaz,
ela,
junto de seu amigo e amante,
pode descobrir quem sempre foi,
livre e única,
embora presa por si mesma e igual a todos

Depois de tudo isso,
ela termina de se purificar,
ligando-se a si própria

Inconspícuo

A melodia suave de mil trombetas trôpegas e desarmônicas me desperta
A ambrosia, o hidromel e o maná me alimentam momentaneamente
As águas da fonte da juventude me animam
O elmo de Ares me oculta na multidão

A carruagem de Apolo me conduz até a morada da minha aptidão reconhecida
Lido com Plutão,
Surtur e com a Estrela da Manhã,
durante um terço do dia

Quando Nix se impõe,
e isso é inevitável,
já alcancei Zeus e Hera,
enganei a Inevitável duas vezes e ainda terminei o jantar
Morfeus me golpeou,
e assim decretou o fim de mais um Ragnarök diário pessoal.

Mentira

O mundo me mente
com verdades produzidas,
todas na calada da noite

Ele as disfarça de morias,
ainda que Marias santifiquem o solo,
as almas e os corpos,
retroativamente em dogmas

Mentecaptos aqueles que,
depois da primeira inverdade revelada,
estacionam seus egos na vaga dos que aspiram com,
e enterram seus desejos genuínos de busca
no cemitério da conformidade

Aliterações - Três atos

(Princípio)
Pedro Poimandres, o próximo político apático perante o próprio parto
Parte da palavra posta principiando partida
Prima por partido primeiro
A permanente presença dos pais impõe a Pedro poder,
princípios e pureza política em pensamentos posteriores.

(Meio)
Mikaela,
a menina que mente a mente menos muito mais mediante motivos mascarados
Metálica,
mostrará ao mundo mistérios mesclados a multidão

(Fim)
Feitosa Ferreira,
finado falso filho
Falhou em falar falácias
Fixou feridas em faces felizes
Findou os fins

Idealização

Ela é perfeita:

sem erros,
sem passado,
sem presente,
somente futuro
 
Sempre esperada,
mesmo sendo a que colhe
Sua colheita dificilmente é aceita de imediato,
mesmo que toda a preparação de uma vida seja feita
A fração derradeira é a que guarda o maior terror,
e ele sabe cobrar,
gelar a espinha e trazer medo mesmo a maior coragem.

É um beijo que de olhos fechados é doce,
mas que quando os mesmos são abertos é acre
O porem é que sempre que se pensa que o beijo acabou,
e se abrem os olhos,
verifica-se que ele nunca teve fim,
e que o fim é sempre o agora
Nunca o passado,
sempre o futuro