quando te xingo,
quando te bato,
quando te mato -
tudo isso resume ações que ocorrem naturalmente
Não sou homofóbico, por isso:
se te taxo,
se te ridicularizo,
se te espanco -
tudo isso resume ações que ocorrem naturalmente
Não sou racista, por isso:
nunca vi a sua pele,
nunca vi o seu cabelo,
nunca vi o seu sofrimento -
tudo isso resume ações que ocorrem naturalmente
Quando o machismo, a homofobia,
o racismo e seus iguais em opressão não são vistos,
ouvidos ou faladas,
é sinal de que os olhos são cegos,
as bocas são mudas
e os ouvidos são surdos
Não busco nessas questões o verbo "ser",
e sim o verbo "fazer" ou o "agir"
O Grande Evento ocorrerá em breve
Todo o ser vivo e matéria bruta esta convidado para assistir e participar
O endereço é no país Universo, Estado Humano, Cidade da Sociedade, no Bairro
do Status, no cruzamento do orgulho com a ganância e a luxúria.
A casa do acontecimento é alugada,
mas o cerimonial "do próprio ser" diz que é do proprietário: O senhor Sapiens
Entre os convidados famosos estão:
A Tradição: Trajando seu terno gasto, porém clássico
A Família:Com seu traje de várias cores, vários tamanhos e vários modelos
Os Bons Costumes:Com seus trajes especulares retrógrados
O Cidadão de Bem:esse veio pelado, sambou na cara da Senhora Sociedade -
Sempre muito recatada(#sqn) - tomou três doses e partiu, pois tinha mais o que fazer da vida.
Senhora Sociedade:Benfeitora que da nome a nossa bela cidade, indumentada com seu vestido frio como o fogo, escuro como o sol do meio dia límpido e lógico como uma falácia.
Preconceito:Pediu para falar que não veio, mas é só você olhar para o lado
que o vê enchendo a cara, mas dizendo que está de cara limpa
Os demais convidados ou não são dignos de nota(reclame com os patrocinadores
desse evento bizarro),ou estão no centro comunitário Pirâmide, na rua Base,
localizada nessa mesma cidade Sociedade. Estão todos maltrapilhas, mas quem
se importa? Não estão iguais aos convidados do Grande Evento: Todos nadando
no rio de lama que encheu as ruas e as casas da cidade?
Presumo eu, em prisões, paralelamente separado dos meus semelhantes por visões de ferro, que pela cúpula social sou culpado pelo cúmulo dos acúmulos repetidamente indevidos, pois me apropriei do pecúlio pertencente ao próximo
Penalizado nasci, estou e serei
A pé pelas periferias perigosas que me pertencem, meus olhos-boca-ouvidos-pele são comunitários
Fora das minhas redondezas sou percebido por visões únicas, próprias de pensamentos preconceituosos, que me paradigmatizam
Pela fome fico afoito, pois ela é fictícia montagem feita pelos feitores do contemporâneo, que contentes se fixam em focar faces alheias em símbolos de consumo transcendentes, que na mente deixam e são marcas
Vejo o futuro reluzente na rua, me aproprio dele e ele me apropria, pois posto a vontade em minha alma e mente, ela me consome com cólera e some com minha visão comunitária
Isso me leva a prisão de carne, ou a de ferro ou a de terra
Um pedaço de terra, moldado com coração, pulmões e outros órgãos. É cercado de água por todos os lados, dentro de 75% de outras terras
O sol psicológico ilumina sua mente, despertando seus pedaços A maresia preenche sua respiração, enegrecendo seus pulmões e agravando sua voz para o mundo
Essa terra encontra-se isolada, tacitamente, num arquipélago de moradias
A chuva melancólica profunda precipita-se no seu corpo, prostrando-o
Nenhum homem é uma ilha Alguma ilha é um homem figurado
Somos alimentados com ódio e crueldade,
somos equipados com fogo em tochas, residimos em ocas feitas de sangue seco.
Nos deitamos em camas de cemitérios,
pois o ódio que nos alimenta mata nosso coração e sonhos,
restando somente matéria em decomposição.
O feng shui maldito urbanístico nos diz que massas sem rostos,
com corações, sonhos e dignidades, desarmonizam nossas ruas.
A solução óbvia é fazer deixar de existir quem já não existe.
Magnífica sociedade modernizada, justa e democrática,
que entretém seu rebanho com mistérios cercados por cimento e tijolos,
adornados com preenchimentos de símbolos que conectam a figuras de doutrina.
Meus autofuncionários pseudo-patrióticos,
que se inflamam com suas tochas para atrair o maior público possível,
e entretém seus donos, que nada mais são que seus próprios bolsos.
O ódio não cabe mais no corpo, invadindo as ruas, se mesclando as massas.
O fogo se alastra violentamente para além das tochas, consumindo juízos,
éticas e o corpo alheio, até tomar todas as ruas.
Tão seco quanto as ocas são os corpos e mentes no futuro,
engolfados por rios de ódio e fogo,
que eventualmente consumirão a esfera que ficou oca,
seja a dentro do peito ou do universo.