sábado, 23 de janeiro de 2016

Desorientação

Muito mais interessante do que encontrar é se perder

Ao se encontrar,
chega-se a inícios e finais

Ao se perder,
as miríades de encruzilhadas na vida são cada vez mais numerosas,
a cada esquina que viramos

É coerente pensar que ao se perder
também vão embora as oportunidades profícuas,
mas raciocine sobre o seguinte:
se bem e mal forem realmente pares ordenados,
não é vantajoso perder as oportunidades danosas?

Perca seu rumo,
sua calma,
sua hora,
sua vergonha,
seu senso,
sua orientação,
seus limites

Perca-se!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Transição

É a alteração de estados
Mudança em sua concepção
troca de alianças e permuta de lados

Mas não se trata de uma condição inicial ou final,
uma vez que ela é o "meio" do caminho

Aquele instante na qual você se vê numa encruzilhada,
prestes a optar por uma das estradas da miríade de escolhas da vida

Esse momento é a iminência da ação,
o pensar em caminhar e,
logo após,
quase tocar seus pés no chão,
para dar o próximo passo

É o momento que o dia encontra a noite,
a terra encontra o mar,
o ano anterior encontra o próximo ano,
a cada pensamento,
letra escrita,
palavra dita,
vida perdida e encontrada

Todos os momentos são transições,
e até mesmo a transição em si é uma vítima de sua própria existência

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Apresentações teatrais - ato 3

Aberração - Um verdadeiro camaleão senciente

Às vezes triste, às vezes feliz, às vezes indeciso, às vezes decidido, às vezes batalhador, às vezes
fracassado,..., enfim: muitas faces sobre um mesmo corpo.

Diz-se que esse personagem descende dos mitológicos Hecatônquiros, seres que nasceram do sangue de
Urano, possuidores de diversas cabeças e braços.
De um ser assim, para onde se concentra seu olhar? Será este capaz de contemplar o todo ou sua
miríade de olhares é completamente desfocada?

Cabe a mim, Mestre do picadeiro e apresentador de maravilhas e tragédias colocá-lo sob perspectiva, tamanha a complexidade de seu ser.

Ele é um todo centrado em um quarto fechado. Um é o seu  corpo, quatro são as suas faces, uma é
a sua certeza: cada face que o compõe vê a outra como um inferno de Sartre.

Conseguirá essa face harmonizar-se com as demais? As demais chegarão a um mesmo resultado? Só o dirá.
Mas saibam de uma coisa: Por mais que as faces diferenciem-se, olhando cada uma direção, somente com a verdade das demais o todo pode prevalecer!

Uma salva de palmas para os filhos da região de Sião, a aberração divina de vários corpos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Vida particular

Meu corpo é o caixão da minha alma
Meu caminhar é nada mais que um cortejo fúnebre
Para que viver se o que você é, realmente, é o oposto?

Os golpes que a vida me aflige,
sejam tristezas ou alegrias que não desejo,
são as maneiras mais eficazes de se pregar meu paletó

Todas as vezes que me alegro,
flores são deixadas na minha lápide,
que a propósito, me designa como devo ser chamado

Assim que uma vida nasce,
outra acaba

Em meu cemitério particular,
recebo a visita de uma fraca chuva fina
Por vezes também tenho de encarar as faces de abutres sorrateiros,
que a primeira vista parecem amigáveis,
mas o que bem querem é violar meu caixão e arrancar fora meus órgãos

Chegarão tarde demais,
pois tudo o que restará de mim é o princípio de toda a humanidade

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

[Os 4 sentidos]3- As Hereditárias

As muitas que são uma
e mesmo assim mantém suas individualidades
Acredita-se que a criação se iniciou sem Ela
Mas também pode-se pensar que foram as responsáveis por toda a criação,
pois Ela é Elas,
e Elas formam Ela

Imagine o casamento entre a luz e a escuridão
O momento na qual os olhos são abertos e a fração que representa seu encerramento
Quem segura pela mão esses momentos dicotômicos distanciados são Elas

Pense no Nada.
Impossível, não?
Pois bem, Elas estão lá,
a cada momento que o Nada primordial em sua mente tenta se preencher de vazio
Invejosas por natureza, esperam o momento do primeiro fôlego para perpetuar sua marca indelével

Por acaso pensou que somente suas plantações sofreriam com Elas?
Não mais brotarão e florescerão seus sonhos e desejos
Inspire! As absorva!
Expire! As dissemine!

Dez vezes mais suas bênçãos escarlates cairão sobre nossos templos
Ao acordar, ao dormir, ao calar-se...
ao verbo que ainda nem pronunciado foi
Em todos os momentos e em nenhum

Elas andam de mãos dadas com seus irmãos e irmãs,
seja abraçando, seja usando, seja se distanciando
Penso que delas jamais teremos descanso,
mesmo depois de atravessar para o outro lado do mistério
Seja sob, sobre ou perante o olhar de Zeus
Erdamo-nas e as passaremos para além do que conhecemos

Talvez, mesmo se sua existência for curta,
seus maus hábitos são longevos,
adquirindo maior contorno e complexidade com o lamentar do aumento pretérito

Será essa torrente de descontentamentos culpa sua?
Será que você se transformou naquilo que transcende o agora,
vindo do passado e almejando o futuro?

A única solução é a nulidade,
o vazio primordial
O caminho não é a subtração de partes iguais,
pois o que se busca é aquilo que não se deve buscar

É o não saber o porque
É o não se localizar,
por nunca estar lá
E no momento que se encontra a resposta para Elas,
Elas surgem

"Como saber se não existo?"

Existência após existência,
preenchendo aquilo que não deveria ser
Até o instante que o agora é insuficiente,
e de braços dados com seu irmão,
o próximo Nada é alcançado,
pois agora Ele existe,
e Elas passarão a existir

domingo, 23 de agosto de 2015

Pausa para a hesitação

Ignore o tema
não hesite em se empatizar
e se atenha ao dilema

Hesito em não hesitar
temo temer
acerto poder prever errar

Me inquieto quando penso
o tempo que irá ter passado agora
e isso por si só já me deixa tenso

E as partes?
e a ocasião, o local e horário?
está ignorando o próprio tema proposto?

Nada disso mais importa
a ocasião já passou
e o tempo uma vez mais bate a minha porta

Esse é um novo compromisso
que só de pensar nisso...
hesito

quinta-feira, 23 de julho de 2015

[Os 4 sentidos]2- O Parasita

Instalado no mais profundo superficial de todos os seres, lá ele se encontra, sendo na verdade ela.
Você nunca indaga se ela o possui ou se é o contrário. Quem poderá ter construído aquilo que nasceu para somente consumir?
Será que para se alimentar ela esvazia seus alvos?(quando estes estão satisfeitos)

Imagine alguém que é capaz de criar um ponto, e este por sua vez forma outro ponto, e assim segue-se até que todos os pontos formam uma reta.
Então, todas as retas em acordo formam um plano. Estes, por sua vez, formarão um espaço, e ad infinitum se formará um incontável número de dimensões.

Entre um destes momentos está você, ansioso por mais espaços, que por sua vez estão ansiando planos, e estes querem retas, e estas esperam pontos, e estes esperam pontos,
e estes esperam pontos...(ad infinitum)

Preciso de mais, mais, e mais para conseguir mais, mais e mais. Será que devorando-me conseguirei mais de mim?

Assim nasce o desejo daqueles que, não podendo mais esperar em si o que é e será de si, esperam o que será do que não é si.
Milhares de pontos, retas, planos, espaços...(ad infinitum). Todos esperando para formarem mais pontos, retas, planos, espaços...(ad infinitum). Todos para mim!
Este é o único caminho que possuo para existir, que outros deixem de existir para que eu possa me alimentar. Eu sou a ...

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